domingo, 28 de novembro de 2021

Três poemas de Ofélia Cabaço

 

 

Das coisas que devo pensar,

mistério da graciosa idade

lembrança meiga deve estar

na imperfeição da Vontade;

 

Cresci em pacata cidade,

Ponta Delgada à beira mar,

em casa antiga nasci,

no colo de minha avó ergui

 

Meus olhos para a amar

Se não me valesse ali

Creio que não estaria aqui,

Vida minha jogos e danças;

 

Na mocidade, um falsete em dó,

alma inquieta, sonhos e liberdade,

mandada à deriva por ordem,

de frágil utopia, à margem

dum rasto invernoso, naquela idade

 

Voar como as aves no ar,

vestir minha vida com flores

o mar ondulante amar

um templo secreto, amores

 

Como nuvens soltas, a raiar madrugadas

ouvir o vozeirão do mar, mãos dadas,

minha avó em suas preces,

 

Para mim buscava o Bem

a seu lado fui princesa

afortunada também.

 

Ofélia Cabaço

Novembro 2021

 

 

 

Comungar da ideia metafísica,

respirar Espírito e sublime música

abrir a porta de casa,

ao mais alto esvoaçar

qualquer coisa não pensada,

 

as casas são o sémen, imaginar

as almas ao abrigo dum degredo

que nos conduz ao eterno segredo

 

 -abrigo do medo

-abrigo do choro

-abrigo da solidão

-abrigo do amor

-abrigo da tristeza

-abrigo d´alegria também;

 

as casas…

um canto, uma cadeira, um livro,

para além da janela, o sol luminoso,

penetrante Bem,

E o arvoredo cantante

Alimenta nossa mente…,

Na rua, um rosto receoso,

Vivendo o erro de quem erra

Nestes dias de subtil guerra (…),

 

E o tempo passa silencioso,

De si cioso,

Debaixo da minha janela.

 

Ofélia Cabaço

Novembro 2021

 

 

 

Gosto

Gosto de ver milheirais

evolando-se entre campos verdejantes

Gosto do aroma das margaridas rastejantes

doce e amargo, desabrido

por entre a solenidade do silêncio,

Gosto de olhar através das árvores

e contemplar a luz do dia,

Gosto de amar ao jeito do poeta,

Gosto de sonhar e pensar o Belo

- Andar por entre nuvens brancas

quando as contemplo a correr-

Eu gosto.

 

Novembro 2021

Ofélia Cabaço

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 Caros Amigos

Com o desconfinamento, a Alagamares está de volta, e em breve teremos o prazer de anunciar novas iniciativas.

Para já, divulgamos alguns eventos e iniciativas locais, em cuja participação recomendamos:

Trilogia da Guerra-Agaménnon na Ribafria

Setembro 2 12:00 – Outubro 9 12:00

HORÁRIO: quintas, sextas e sábados às 21h30

Pela MUSGO Produção Cultural

A Grécia declara guerra a Tróia após o rapto de Helena por Páris. Estamos na Antiguidade Clássica. Agamémnon o protagonista desta tragédia que faz derramar muito sangue, desperta enormes paixões e mostra o homem nas suas facetas mais íntimas, comovedoras, filosóficas e animalescas. O dramaturgo Jaime Rocha construiu, a partir deste mito fundador do teatro grego, uma peça, ao mesmo tempo tragédia e comédia, que responde às preocupações, utopias, angústias, ideais não só do homem antigo, como também do homem contemporâneo.
O autor introduz neste texto um olhar renovado quer nos conteúdos, quer no vigor e na agilidade dos diálogos e relatos. Sendo por um lado fiel à história narrada e problematizada pelo texto fundador, o Drama Antigo, esta peça traz ao teatro contemporâneo português uma nova visão de uma realidade mitológica muito singular, onde a coragem, a intriga, o ódio, a paixão, a solidariedade, o abandono e a errância são elementos dramatúrgicos fundamentais, uma realidade em que o homem mostra a sua verdadeira face e deixa cair as máscaras.
O autor, ao reconstruir este mito grego, reflete também sobre como ele perdura no tempo e como se adapta aos dias de hoje, como chega até nós e é enquadrado no mundo moderno. De facto, a guerra nunca acabou, continua a ser uma presença constante e uma ameaça ainda mais mortífera, já que põe em causa a própria existência humana.
 

FICHA ARTISTICA E TÉCNICA

Texto: Jaime Rocha
Encenação: Paulo Campos dos Reis
Dramaturgia: Jaime Rocha e Paulo Campos dos Reis
Interpretação: Miguel Moisés (TEATRO EFÉMERO), Carolina Figueiredo (TEATROMOSCA), Ricardo G. Santos (RUGAS), Filipe Araújo, Rute Lizardo, Regina Gaspar (MUSGO), Clara Marchana, Catarina Rodrigues (MADRASTA DANCE) e um aluno do Curso Profissional de Artes do Espetáculo da Escola Secundária de Santa Maria (Portela de Sintra)

Direção de produção: MUSGO Produção Cultural

Coprodução: Efémero, Madrasta, Musgo, Rugas e teatromosca

Promotor: Fundação Cultursintra FP

Setembro 10 | 20:00 – Setembro 26 | 22:00 Setembro chegou e com ele vem o festival MUSCARIUM, organizado pela companhia sintrense teatromosca. A sétima edição daquele que é o mais importante festival de artes performativas em Sintra irá decorrer de 10 a 26 de setembro e continua a ter como objetivo espalhar a cultura um pouco por todo o concelho. Serão três semanas totalmente dedicadas ao teatro, música, dança e performance, com espetáculos de artistas nacionais e internacionais, para todos os públicos. A abertura do festival, no dia 10 de setembro, já se encontra esgotada e estará a cargo da fadista Gisela João, nos mágicos jardins da Quinta da Regaleira. Antes, pelas 20h15, num outro local deste mesmo espaço, o público será presenteado com o espetáculo de dança “Mapa”, do Colectivo Glovo, vencedor de diversos prémios, proveniente da Galiza. Já no dia 11, às 16h, a Casa da Juventude da Tapada das Mercês receberá “Eça Agora!”, um espetáculo de teatro para jovens que surge da parceria das companhias Três Irmãos e As Contadeiras, com o propósito de levar obras menos conhecidas de Eça de Queiroz a toda a comunidade Lusófona, através da contação de histórias. A segunda semana do evento inicia-se a 17 de setembro, às 21h, no AMAS – Auditório Municipal António Silva, com “Noites Brancas”, uma adaptação do romance homónimo de Fiódor Dostoiévski,pelo Teatro Art’Imagem. No dia seguinte, às 16h, na Casa da Cultura Lívio de Morais, em Mira Sintra, os mais pequenos poderão assistir a “Semente”, espetáculo da RUGAS Associação Cultural, estrutura sintrense que privilegia a criação performativa multidisciplinar. A 18 de setembro, às 21h, o AMAS enche-se de ritmo angolano com Domingos Conceição, mais conhecido por Azulula. Este será um concertoque explora artes visuais e sonoras, com o objetivo de manter viva uma tradição musical que está em vias de extinção. A semana termina na Quinta da Ribafria, em Sintra, dia 19, às 18h, com “Iceberg, O Último Espetáculo”, criação para a infância produzida pela Peripécia Teatro que a companhia descreve como não sendo para “meninos de coro, com corações sensíveis e de fácil melindre, habituados a cadeiras estofadas”. Scúru Fitchádu é um dos nomes mais falados do atual panorama musical português e também estará presente no MUSCARIUM#7. O funaná punk do alter-ego de Marcus Veiga invadirá o Largo da República em Agualva, no dia 24 de setembro, às 21h e promete acelerar o batimento cardíaco dos presentes. A terceira semana de festival, começa assim, da melhor forma possível, com este concerto de entrada livre. Depois da festa da noite anterior, o Centro Lúdico das Lopas, em Agualva, albergará mais um espetáculo deste MUSCARIUM, continuando a privilegiar o programa em família, com “Somos Pessoa!”,pel’As Contadeiras, no dia 25, às 16h. Aqui, a vida e obra de Fernando Pessoa é contada a partir de uma estrutura narrativa e linguagem teatral pouco convencionais. Já dia 26 de setembro, pelas 16h, haverá uma nova produção com entrada gratuita: “Sómente” pelo Teatro Só, no Largo Rainha Dona Amélia – Palácio de Sintra. A companhia, que tem a sua sede em Portugal e na Alemanha, traz consigo um espetáculo poético que reflete sobre a solidão na velhice e que venceu diversos prémios internacionais. Encerrando o festival com chave de ouro, também no dia 26, desta feita às 21h, no AMAS – Auditório Municipal António Silva, será a vez de o coletivo canadiano Mammalian Diving Reflex apresentar a performance “Sexo, Drogas e Criminalidade”, que será criada ao longo de uma semana de residência artística desta companhia com um grupo de jovens da comunidade maiores de 16 anos. Sobre a relevância deste projeto, o diretor artístico do MUSCARIUM, Pedro Alves afirma que “este é um espetáculo que dá continuidade ao trabalho que a companhia tem vindo a fazer junto dos públicos jovens ao longo dos últimos anos e que tem levado a reflexões sobre os modos como a juventude é socialmente representada e também como se representa, promovendo a Arte como ferramenta de aprendizagem impulsionadora de novos olhares e abordagens sobre o mundo contemporâneo. Trata-se de um projeto inovador, polémico e extremamente desafiador, tanto para os jovens, como para as três personalidades convidadas que estarão a ser interrogadas em palco pelos jovens, como também para o próprio público.” A apresentação final envolverá um painel de artistas conhecidos do grande público, aos quais os jovens farão todo o tipo de perguntas, com foco nestas questões fraturantes que dão título ao espetáculo. A ideia será obter perspetivas diferentes sobre estas temáticas, tendo por base as lacunas entre as várias gerações. Esta será, sem dúvida, uma experiência única e imperdível para todos. A programação completa encontra-se disponível no site da companhia em www.teatromosca.com e continuarão a ser divulgados todos os pormenores relacionados com o festival nas páginas oficiais do teatromosca no Facebook e no Instagram. Veja como foi a edição do ano passado aqui: https://vimeo.com/598981322. Os bilhetes para os espetáculos da edição deste ano encontram-se à venda na Ticketline e locais habituais. Poderão ser adquiridos individualmente entre 5 € e 7 € ou por via de um passe de acesso a todos os espetáculos do MUSCARIUM#7 (exceto o concerto da Gisela João e o espetáculo “Mapa” já esgotados) pelo valor de 35 €. MAIS INFOS E FOTOGRAFIAS DOS ESPETÁCULOS | https://app.box.com/s/39fg1l3kknqo0u6l2kw3ewcpk7p11xte BILHETES | https://ticketline.sapo.pt/evento/muscarium7-56162 PROGRAMAÇÃO DETALHADA E COMPLETA | https://teatromosca.weebly.com/amas—auditoacuterio-whats-on.html CONTACTOS | geral@teatromosca.com | 91 461 69 49 | 96 340 32 55

sábado, 27 de março de 2021

VOANDO EM CYNTHIA

 

Passa hoje,27 de março, o 13º aniversário da Voando em Cynthia, Associação Cultural – Arte, Educação e Ambiente, conhecida associação de Sintra e membro da Rede Cultural de Sintra.



A Voando em Cynthia – Arte, Educação e Ambiente, foi legalmente criada a 27 de Março de 2008 e tem como objetivos a arte, a educação, a animação, a ecologia, a permacultura, o ambiente, a formação, a informação alternativa, as energias sustentáveis, as práticas alternativas, as massagens, o desenvolvimento humano e a realização de eventos, realizando, entre outros, o Encontro de Alternativas em Sintra, que conta já com 15 edições.



Da direção da associação, recebemos o seguinte depoimento:

Há 13 anos no Dia Mundial do Teatro, a Voando em Cynthia legalizou-se como Associação Cultural, sem fins lucrativos, embora tenha nascido em 2003 como Companhia de Teatro para dar corpo à peça de teatro infantil ” Zé Maria e a Bruxa “da autoria de Luísa Barreto que teve estreia no Centro Cultural Olga do Cadaval no Dia Mundial da Criança desse ano.

Nestes já muitos anos percorremos um caminho dedicado às artes, à educação e ao ambiente… quer criando oficinas pedagógicas nas escolas básicas e jardins de infância, sensibilizando assim as crianças para a necessidade de semear, plantar e cuidar a terra, quer juntando artes, sabedorias, gentes e vivências através de muitos eventos que realizamos, como o Encontro de Alternativas entre outros. Nesta nova etapa em que todos nós fomos chamados a experienciar outra nova vivência, continuaremos a trilhar o mesmo caminho em que cada vez é mais necessária a consciência e a prática de uma vida mais sustentável, ecológica e em harmonia com a natureza.

Neste aniversário esperamos que continuem a acompanhar o nosso trabalho no XVI Encontro de Alternativas em Sintra a realizar nos dias 1,2 e 3 de Outubro

 


A Rede Cultural de Sintra saúda a Voando em Cynthia neste seu dia de aniversário, desejando sucessos pessoais e culturais aos seus membros e dirigentes, e aguarda com expetativa pela edição de 2021.

 wwwfacebook/encontro alternativaswww facebook/voando cynthia

 www.voandocynthia.blogspot.com

 www.facebook.com/VoandoCynthia

 voandocynthia@gmail.com

teatro

 


A 27 de Março assinala-se mais um Dia Mundial do Teatro. Nesse campo, Sintra tem hoje já os seus ícones, formiguinhas laboriosas que vivem fazendo Cultura e fazem Cultura vivendo. E nos últimos anos, criando sonhos feitos de muitos pesadelos, tivemos perene presença de muitos invisíveis arcontes e alquimistas nas noites frias de Sintra, nas escadas dos palácios, atrás das árvores da Regaleira ou de precários lugares conduzindo aflitos mortais na valsa lenta de Ser/Fazer Teatro, colocar máscaras e construir sombras, convocando para a grandeza das fragilidades que só o Teatro, vivo e próximo, cúmplice e agrilhoante permite, assim invadindo e alimentando públicos, ávidos e fáceis no aplauso umas vezes, avaros na presença ou no incentivo outras. Como desde o princípio dos tempos, o Teatro é Vida, e libelo de resistência, a sobriedade da loucura, a poção do druida que a todos tonifica e fortalece.

Neste dia, na palavra de três resistentes e impactantes figuras que em Sintra têm deixado marca, homenageamos a arte de Talma, e com isso, a Vida.

 


 Pedem-me que deixe uma mensagem neste dia que é o do teatro. Obrigo-me a refletir no que quero dizer e passar, tentando esquecer por momentos o que se sente ao celebrar pelo segundo ano este dia, em casa e não num palco como era suposto.

Decidi então recuperar este texto escrito em 1993 pelo dramaturgo americano Edward Albee. Remeto-me ao essencial:

Mensagem de Edward Albee (1993)

“Será que o mundo se torna um lugar cada vez mais estranho à medida que o tempo passa? Penso que sim, e sei que é assim que ele se me afigura. Tenho é de descobrir se isso é obra de um absoluto, ou mero fruto da minha visão deformadora: vislumbres de sageza a par de sinais de declínio.

(…)

Todavia é uma pergunta que continua a remoer.

(…)

Inventámos a arte- desenvolvemo-la se quiserem- para nos explicarmos a nós próprios, para dar à nossa consciência ordem, clareza e talvez também um sentido. Descobrimos, afinal, que a arte, para merecer esse nome, tem de ser útil e não só decorativa; tem de, na sua inoperância (a arte não muda nada?), mudar tudo.

(…)

A arte pode ajudar-nos na caminhada, e, se não permitirmos que ela nos anime e impulsione, jamais nos libertaremos das cadeias que nos amarram e cegam.

(…)

O teatro está numa posição privilegiada para fazer com que tudo aconteça, para nos tornar insatisfeitos com a segurança e com a previsibilidade, com tudo aquilo que não modifica a nossa visão das coisas.

Lembremo-nos disto no Dia Mundial do Teatro.

Lembremo-nos que os limites do teatro são apenas os que nós lhe impomos… os limites que impomos a nós próprios.”

Viva a arte!

Viva o teatro!

Sérgio Moura Afonso, Ator e Encenador, Capítulo Reversível, Sintra

 


”'(…)Creio que o teatro deve trazer felicidade, deve ajudar-nos a conhecermos melhor a nós mesmos e ao nosso tempo. O nosso desejo é o de melhor conhecer o mundo que habitamos, para que possamos transformá-lo da melhor maneira. O teatro é uma forma de conhecimento e deve ser também um meio de transformar a sociedade. Pode nos ajudar a construir o futuro, em vez de mansamente esperarmos por ele. (…) Augusto Boal, Jogos para atores e não atores                                                                                                                                                                                                                        

Actual? Actuante? Actuamos? Actuemos! Mantra há muito tempo para mim, cântico para um Mundo Novo, que fazemos minuto a minuto, e isso é muito. É tudo.

Este Homem de Teatro cumpriu-se cumprindo-se. Mui comprido de bem é, diziam os medievais escritores do pop d’altura, nas Canções d’Amigo. Agora é outra a música: há ”isto”. Encerrados em casa, fingimos os dias que passam esperando Amanhã! Que ”vai ficar tudo bem”, usemos máscara e escapamos.    Um escape, depois outro, mais um…Tempus Fugit, porém.

Fecham os teatros, espaços de diálogo, milenar Ágora onde se vendiam figos e uva, onde se falava de orbes e estrelas diversas, onde se fazia o que melhor sabemos, Humanidade, pensar! Logos p’ra que te quero?!? Fecham crianças e rapazes e raparigas. Fecham-lhe os olhos para o espanto, atam os braços para o Amor, sensual nessa adolescência.

Máscara máscara máscara. Tão bela, molda-se à cara d’Actor, lança voz em Teatro grego, que chora Prometeu, que ri com Lisístrata e sua guerra à Guerra!

Máscara, que salta nas praças com Arlechino e Pantalone, à paulada e traulitada de ir às lágrimas!

Máscara, que grita ‘‘To Be or not to be?”, da boca do dinamarquês Príncipe!

Máscara. Mágica, jogo, esperança. Mas jamais a de agora.

Precisamos Paz: vem através de Cultura. Precisamos de Sonho: nasce da Música, da Literatura, do Teatro, Poesia, Dança, Pintura, desde as belas cavernas espalhadas na Terra toda, onde homens e mulheres já sabiam que não era só caçar, fazer filhos e fogueiras!

São muito estranhos os tempos d’agora, sempre foram, aqui e ali nesta dimensão espacio-temporal, sabemos!

Não é suficiente ter plasma XPTO para assistir aos ”teatros´´. Nem internet e Zoom’s e sei lá o quê para dar ”aulas” de Teatro aos meus lutadores e lutadoras adolescentes que resistem e resistem e resistem! Porque devoram Sonho, Vida, Criatividade, Liberdade! Liberdade, enfim! E só! E Tudo! Tudo por fazerem!   

É um Dia Mundial do(s) Teatro(s). Lugar comum: todos os dias estas Mulheres e Homens que somos fazem o dia mundial do teatro, chorando, criando crianças, contando tostões e partido pão em mais pedaços do que era Justo, desistindo e voltando, trabalhando nas obras e onde se ganhe o soldo diário, como toda a Humanidade. Eventualmente cerrando cortinas. Nos olhos. Nos Teatros. Mas esperando abri-las na alvorada que despontará, chuvosa ou não, mas despontará! Público de Todo O Mundo! Unamo-nos!  E… que se abram as cortinas! A Vida É Sonho!     

Rui Mário, Diretor Artístico do Teatro Tapafuros, Sintra                                                                           


TOQUE DE COMETA

Numa das suas deslumbrantes expedições às profundezas da memória, o filósofo alemão Walter Benjamin recorda quando em “pequeno” sentia que a palavra “teatro” irrompia no seu coração como um “toque de cometa”. Não guardo da minha infância qualquer memória de uma experiência semelhante originada pelo contacto com as artes performativas. Mas lembro-me de, por volta dos meus 18 anos, ter assistido ao espetáculo “O Fim ou Tende Misericórdia de Nós”, de Jorge Silva Melo, apresentado pelos Artistas Unidos no espaço da Litografia Portugal. Lembro-me bem de olhar para todos – aqueles homens e mulheres, uns mais jovens do que outros – e achá-los lindos, a todos, todas! Ainda hoje, ao lembrar-me do Paulo Claro, da Joana Bárcia, do Manuel Wiborg, da Glicínia Quartin e todos os outros, tenho vontade de os abraçar, como o desejei fazer naquela noite de 1997. Seria, certamente, muito complicado para aqueles profissionais, abraçar, verdadeiramente, todos os espetadores que, como eu, lhes queriam agradecer pelo evento teatral em que tinham participado.

Num conhecido estudo sobre a intimidade social, o zoólogo Desmond Morris imagina uma hipotética origem do ritual do aplauso. Quando o bebé vê os pais a aproximarem-se de si, lança os braços para diante, como se os quisesse abraçar. Mas eles não estão assim tão próximos. Não os consegue tocar. As mãos chocam uma com a outra. O movimento a partir dos braços e não dos pulsos. Morris argumenta que isto ocorre mesmo quando a mãe ainda não ensinou o bebé a bater palmas. Assim o som das palmas começaria por ser o culminar audível de um abraço vazio aos pais. Mais tarde, quando a criança está a aprender a andar, dá os primeiros passos ainda agarrado aos seus progenitores. Muitas vezes, abraça-lhes as pernas. Nessa altura, os pais abraçam-no de volta e dizem: “Está tudo bem, nós estamos aqui. Vou abraçar-te se precisares. Mas agora já não precisas.” Gosto desta imagem. Um abraço! A ideia do aplauso como um abraço que damos aos profissionais que nos ofereceram aquele espetáculo, em jeito de agradecimento pelo seu trabalho. Um abraço que se transforma em aplauso, na impossibilidade de todos podermos subir ao palco para abraçar cada uma das atrizes, cada um dos técnicos, cada um dos músicos, cada uma das encenadoras que contribuíram para aquela obra. Mas se não há esse contacto físico, corpo-a-corpo, no abraço que é o aplauso, então podemos muito bem nem sequer estar ali, em cima do palco.

No dia 27 de março de 2021 – tal como já acontecera em 2020 -, os públicos parecem voltar a não ter ninguém para aplaudir, ninguém para abraçar. Por razões sobejamente conhecidas – mesmo que incompreendidas -, a esmagadora maioria dos espaços culturais estará encerrada ou, pelo menos, os espetadores não poderão lá entrar para celebrar aquele que dizemos ser o Dia Mundial do Teatro. Mas os profissionais continuarão lá – a representar em live streaming, à distância, ou em transmissões de espetáculos pré-gravados, ou na nossa memória, como fantasmas, a sua presença já apagada, mas as suas performances como caudas de cometas a rasgarem os céus negros que vamos atravessando nestes dias tão estranhos. Tal como têm estado nos 86 dias anteriores e como, de algum modo, persistirão nos restantes 279 dias que o ano ainda nos reservará para que os continuemos a aplaudir, a abraçar.

Haverá dias em que as atrizes, os cenógrafos, as figurinistas, os técnicos, os produtores, as dramaturgas, abrirão também os braços e, assim à distância, abraçar-nos-ão a todas e todos, agradecendo de volta. Todas as noites, antes de adormecerem, os meus filhos mais novos, enlaçam-me com os seus braços assim mesmo, corpo-a-corpo, na presença um do outro. A mais velha já quer mais distância. Por vezes, já só me dá abraços no vazio. Para ela eu já começo a ser um fantasma. E os meus pais, corpos celestes que se vão afastando cada vez mais e em quem já não toco há mais de um ano…

Seja como for, agradeço-lhes, continuo a abraçá-los. Amo-os.

Pedro Alves, Ator e Encenador, teatromosca, Sintra

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

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Jornadas de Reflexão Cultura(s) Alicerçada(s)

Um painel de oradores convidados nacionais e internacionais dedicar-se-á a debater uma temática por dia nestes encontros que decorrem nos dias 2, 3 e 4 de março, sempre entre as 14h e as 19h (hora de Lisboa). De cada encontro resultará um documento – redigidos por um painel de relatores ligados a centros de investigação de universidades portuguesas – que dará tanto conta da pluralidade de questões e reflexões, como apresentará propostas de soluções e linhas vetoriais que poderão orientar o estabelecimento de políticas públicas e a implementação de práticas sustentáveis. As Jornadas decorrerão online, na plataforma Zoom (para um número limitado de participantes) e serão transmitidas em sinal aberto no Facebook do teatromosca.

Deverá inscrever-se em cada uma das sessões…

2 março > O Valor da(s) Cultura(s)

3 março > Espaços Culturais, Redes e Públicos

4 março > Investimento(s) na Cultura e Condições Laborais

Está já confirmada a presença de

Graça Fonseca (Ministra da Cultura),

Basílio Horta (Presidente da Câmara Municipal de Sintra), 

Michel Simonot (Escritor francês, encenador e sociólogo), 

Françoise Benhamou (Professora francesa, escritora e economista, especialista em economia da cultura), 

François Colbert (Professor canadiano, especialista em Marketing das Artes e da Cultura), 

Paula Garcia (Coordenadora da Equipa de Missão da candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027), 

Xavier Greffe (Professor francês de economia das artes), Deolinda de Vilhena (Professora brasileira e investigadora em Produção teatral), 

Carlos La Rosa (Presidente do Iberscena), 

Joana Gomes Cardoso (Presidente da EGEAC), 

Dipti Rao (Diretora do Art X Company e Arts Culture Resources na Índia),

Alberto García (Coreógrafo espanhol e programador do Teatro Pradillo),

Maria de Assis (Presidente da Comissão Científica do Plano Nacional das Artes),

Sara Machado (Responsável do Subprograma Cultura do Europa Criativa),

Anthony Fung (Professor da Universidade Chinesa de Hong-Kong),

Vânia Rodrigues (Gestora cultural e investigadora),

Hugo Ferreira (Fundador da Omnichord Records), 

entre muitos outros. 

​Muito em breve será divulgado o programa completo, bem como os nomes de todos os oradores. AQUI >.

Inscrições e mais informação em:

https://teatromosca.weebly.com/ 




RJ Anima promove 7º ciclo de Associados Contadores de Histórias

VIIº Ciclo de Associados Contadores de Histórias RJ ANIMA, sempre as 19:00:

Dia 24 de Fevereiro, Cecília Guerra – Beira Baixa;  

Dia 3 de Março com Ilda Aguiar – Madeira; 

Dia 10 de Março com Jorge Soares – Cabo Verde, quarta-feira, 

Dia 17 de Março, Adriano Reis – Angola e Cabo Verde; 

DIA 20 de Março com Lucrécia Alves, Açores. 


Obs: Vídeo Contos em formato Online, na página:https://www.facebook.com/ribeirada

Ligações:

https://www.facebook.com/ribeiradasjardas


Apoios aos trabalhadores da Cultura disponíveis a partir de 18 de fevereiro

O Ministério da Cultura prossegue a execução das medidas de apoio extraordinário ao setor da cultura no contexto de resposta à pandemia da doença COVID-19, publicamente apresentadas no passado dia 14 de janeiro.

Assim, está a partir de 18 de fevereiro disponível para preenchimento o formulário destinado aos artistas, autores, técnicos e outros profissionais da cultura, sob a forma de subsídio, no valor de 1 Indexante de Apoio Social, ou seja, de 438,81 euros, atribuído aos trabalhadores da cultura que sejam exclusivamente trabalhadores independentes, conforme consagrado na Portaria nº 37-A/2021. O formulário pode ser preenchido até dia 18 de março de 2021.

Este subsídio, ao qual é possível aceder através do Portal da Cultura, é adicional a outros apoios, nomeadamente os garantidos pela Segurança Social, bem como cumulativo com outros incentivos financeiros disponibilizados por outras áreas do Governo. Ficheiros: Apoio Social Extraordinário para Profissionais da Cultura disponível a partir de hoje

Formulário aqui:

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/comunicado?i=apoio-social-extraordinario-para-profissionais-da-cultura-disponivel-a-partir-de-hoje


Curso sobre a vida e obra de Agostinho da Silva

Renato Epifânio, presidente do movimento Internacional Lusófono conduz nos dias 1, 8, 15, 22 e 29 de março, das 18h30m às 20h um curso sobre a vida e obra de Agostinho da Silva.

Inscrições em info@movimentolusofono.org

Preço- 50 euros. Inclui a oferta da obra “Perspectivas sobre Agostinho da Silva”




Dulkamahra, novo projeto musical

DULKAMAHRA – Voz Interior

Voz Interior é o single de apresentação dos Dulkamahra, novo grupo com conhecidas referências sintrenses.
Em plena pandemia mundial, em que a palavra de ordem é o isolamento, a arte da música renova a sua força através da energia e alma de 5 músicos de áreas bem diferentes.

Este projecto multicultural nasce com um grande objectivo, o de partilhar todas as emoções retidas.

Nas Percussões temos o Zézé Araújo, músico que acompanhou o saudoso Waldemar Bastos.

A dar a Voz, temos a Andreia João, Noidz e Senhora do Ó.

Dos Trotil, vêm o Hugo Ginjas, no baixo, o Fhttps://www.facebook.com/155365802976313/videos/418167632751131ilipe Gonçalves, na voz e viola acústica e o Oliveira Kalana, na viola acústica.

Todos com mais de 2 décadas de experiência e estrada e que agora cruzam os seus caminhos neste projecto.

Somos de Sintra, Portugal e acreditamos que há vida, sonhos e esperança por viver… Livres

https://www.facebook.com/watch/?v=418167632751131

https://www.facebook.com/155365802976313/videos/418167632751131



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

NEWS





RJ Anima promove 7º ciclo de Associados Contadores de Histórias

VIIº Ciclo de Associados Contadores de Histórias RJ ANIMA, sempre as 19:00:

Dia 24 de Fevereiro, Cecília Guerra – Beira Baixa;  

Dia 3 de Março com Ilda Aguiar – Madeira; 

Dia 10 de Março com Jorge Soares – Cabo Verde, quarta-feira, 

Dia 17 de Março, Adriano Reis – Angola e Cabo Verde; 

DIA 20 de Março com Lucrécia Alves, Açores. 


Obs: Vídeo Contos em formato Online, na página:https://www.facebook.com/ribeirada

Ligações:

https://www.facebook.com/ribeiradasjardas